A Cultura como atração turística
Cultura e Mercado - Erlon José Paschoal
As pessoas em geral se deslocam de seus lugares de origem na qualidade de turistas por várias razões. A principal delas talvez seja o interesse despertado pelo patrimônio natural e arquitetônico e pelas manifestações culturais da respectiva região visitada. Nesse aspecto podemos afirmar que a produção simbólica, cultural e estética de uma determinada localidade qualifica e fundamenta a atividade turística, tornando-a relevante como forma de intercâmbios variados e geradora de renda e trabalho.
Dentre as inúmeras motivações que mobilizam conjuntos humanos em busca de novas experiências e de contato com o outro está a atração pelo diferente, pelo único, pelo que é característico de certos agrupamentos sociais composto, sobretudo, pela herança histórica e cultural do lugar transmitida às gerações futuras. Naturalmente, todo esse patrimônio interage com os costumes e criações atuais dos habitantes locais superpondo a ele valores e sentimentos renovados de apropriação do passado e atribuindo-lhes novas funcionalidades e significados sociais.
Há que se precaver também contra os efeitos negativos do fluxo turístico excessivo e predatório que pode agravar problemas sociais já existentes, além de provocar a especulação imobiliária e a descaracterização do local e das manifestações culturais.
Se de um lado, o conceito de patrimônio cultural refere-se a um legado, de outro, devemos considerá-lo também como um conjunto de manifestações contemporâneas, no qual passado e presente interagem e dinamizam as produções culturais e a convivência social. Não se trata aqui somente de expressões tradicionais ou folclóricas, mas de todas as formas de manifestações coletivas com as quais os indivíduos ou grupos de indivíduos se identificam. Afinal, cultura é um processo contínuo de transformação, através do qual se elaboram novas técnicas e novas configurações. Desse modo, a cultura pulsa e flui.
É no universo da cultura que se encontram os elementos estratégicos para entender o movimento das sociedades, para requalificar as relações entre as pessoas, para o crescimento no tempo e no espaço, de cada um de nós, e também para projetar novas utopias. Considera-se aqui a cultura não apenas como o conjunto das expressões artísticas, mas como todo o patrimônio material e simbólico das sociedades, grupos sociais e indivíduos, e suas múltiplas expressões; da cultura como simbologia, como cidadania e como economia.
Hoje compreende-se o turismo como um insumo importante do desenvolvimento econômico, seja na esfera local, regional ou nacional, com impactos diversos na organização social e na estrutura econômica das comunidades visitadas. É óbvio que isso pressupõe uma infra-estrutura complexa e uma consciência dos respectivos habitantes acerca do seu ambiente, de sua história e de sua capacidade criativa transformada em produções culturais. Assim seria possível fazer destes contatos, desses fluxos de visitação um fator de desenvolvimento humano e social.
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